sábado, maio 22, 2004

Todo jogador que começou a jogar Magic a menos de cinco anos volta e meia fica de saco cheio ao ouvir os veteranos falando de como eram as coisas antigamente. É ... antigamente ... Tempos onde as cartas eram mais poderosas e as partidas costumavam durar mais ...

Como? Cartas mais poderosas e mais tempo pra jogar? Sim, isso mesmo. É claro que haviam combos que matavam no primeiro turno, mana infinito e etc, mas coisas como essas eram raras. A média das partidas permitia que Anjos Serra, Senhores das Profundezas e Leviathans impusessem respeito, chegando à mesa no fim das partidas e definindo o jogo com grandes combates, Crescimentos Desenfreados, Integridade ...

Havia muito poder naquela época, mas havia também ingenuidade. Foi só depois da popularização dos decks de controle realmente eficientes, mais ou menos na época de Quarta Edição, Era Glacial, por ai, que as coisas começaram a ficar realmente complicadas ... De repente, jogar com criaturas não adiantava, jogar com feitiços não adiantava. Não era mais aquela coisa de baixar terrenos até fazer alguma coisa. Agora as coisas precisavam ser feitas antes que alguém pudesse manter dois manas azuis disponíveis toda hora, antes que se pudesse ter quatro manas para Cólera de Deus ou Armagedon, antes que o desgraçado colocasse um de seus dois Anjos Serra na mesa, no exato momento em que você esta sem nada para fazer ...

Os decks de controle se espalharam, saindo do ambiente restrito dos campeonatos e chegando até os jogadores ocasionais. E ai as coisas se tornaram um pouco mais sérias. Como conseqüência, hoje ou você monta um deck realmente eficiente e versátil, ou pode se preparar para ser espancado violentamente toda vez que for jogar. Como conseqüência disso, a média de jogadores de hoje em dia é muito melhor do que os jogadores de cinco seis anos atrás. É por conta disso que existe uma pequena lista de cartas que a Wizards of the Coast vai pensar uma dúzia de vezes antes de reimprimir. A filosofia agressiva da maioria dos jogadores atualmente somada ao poder bruto de algumas cartas da Lista Reservada da Wizards significa assustar novos jogadores e partidas decididas por quem começa primeiro mais frequêntes. Ou seja, embora muitos jogadores sonhem em ver de novo coisas como Gauntlet of Might, existem mentes muito conscientes de que algo assim seria matar a galinha dos ovos da empresa.

Verdade seja dita, nem todas as cartas dessa lista são “reservadas” por conta de seu poder. Granite Gargoyle por exemplo é uma carta que com toda certeza deveria ser branca, tanto pelo fato de ser um voador eficiente de baixo custo como pela sua habilidade de “bombar” defesa. Os poderes e deficiências de cada cor também são parte importante da graça de se jogar Magic. Afinal, imagine um deck preto e azul de controle com
Forcefield
desempenhando quase que a mesma função de uma Aura de Honradez?

Se você ainda não está convencido de que antigamente havia muito poder dando sopa por ai ... Lá vamos nós demonstrar o que acontece quando o novo e o velho se encontram ...

Bwahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha!
Deck que graças a Deus você nunca vai ver funcionando ...

8 Ilhas
4 Academia Tolariana
4 Assento do Sínodo
4 Árvore dos Contos

4 Mox Sapphire
4 Mox Emerald
4 Busca Frenética
4 Braingeyser
4 Ancestral Recall
4 Gira
4 Palincrono
3 Prensa Negra
3 Time Walk
3 Baleia Açu
3 Fastbond

Essa monstruosidade anti-ética e impossível ( muitas cartas ai de cima são restritas mesmo em Tipo I ), é uma variante sinistra dos decks de combo do ciclo de Urza que usavam Busca Frenética, Academia Tolariana, e Golpe de Gênio para “deckar” ( fazer com que seu oponente perca por não poder comprar cartas esgotando seu grimório ) seu adversário nos primeiros turnos. Como estamos viajando na batatinha aqui, “deckar” seu adversário no primeiro turno é apenas uma das possibilidades desse deck, acumulando muito mana com a Academia e fulminando seu adversário com um Braingeyser com X igual a 70 por exemplo, embora eu ache que há mais estilo em fazê-lo comprar 17 cartas, baixar a Prensa Negra e dizer com a maior cara de pau do mundo, “Vai”. Bom, quem sabe baixar as Baleias e Palincronos e usar um Time Walk?

A abominável quantidade de destruição que as cartas antigas provocam somada ao jeito de se jogar hoje são uma das razões pelas quais o Tipo I vem perdendo mais e mais adeptos, e não é pra menos. Quem é que gosta da possibilidade de perder uma partida antes de comprar a primeira carta?

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