sábado, maio 15, 2004

Se você pensar nos jogadores profissionais de Magic como profissionais de grandes clubes de futebol, você pode pensar em si mesmo como um jogador de peladas de fim de semana que sabe que nunca vai chegar à seleção, mas nem por isso deixa de chacoalhar o barrigão no descampado perto de casa de vez em quando. Bem, à exceção do barrigão, é assim que eu me sinto quando jogo. Grito, esperneio, fico de cara amarrada quando o meu deck não funciona ... mas só. Não vou entrar duro dividindo qualquer bola na área, nem vou brigar meia hora pra saber se foi pênalti ou coisa parecida. Vá lá, o negócio é se divertir caramba!

Isso não quer dizer que só por que a coisa não é tão séria, você não precisa desenvolver decks competitivos. E entre decks matadores e decks competitivos há um mundo de diferença. Um deck matador é aquele desenhado para competições e que possui combos e maneiras de vencer o jogo em um ou dois turnos. Um deck de fim de semana competitivo leva mais tempo para definir uma partida, em geral possui combos com mais peças, faz uso de esquemas mirabolantes para baixar criaturas ... Em suma procura ser mais divertido, mas nem por isso é um amontoado de cartas raras caras juntas sem nenhum suporte, o típico deck “Timmy”, como é conhecido nos Estados Unidos o jogador que baseia a utilidade de uma carta apenas no poder bruto e raridade. Um grupo com jogadores que não criam decks interessantes logo se desmancha, bem como um grupo onde sempre o mesmo jogador vence todas sem variação alguma de resultado.

Não existe uma fórmula exata para definir o que é competitivo, e o que é matador, mas, existem maneiras de avaliar se seu deck é adequado ao tipo de jogo que você usualmente encontra. Uma delas é o oponente imaginário, nos EUA, o peixinho dourado. Funciona assim. Pegue seu deck, tire-o como se fosse começar uma partida e imagine-se enfrentando um temível peixinho dourado, que, obviamente, vai dar passe em todos os seus turnos. Em média, quantos turnos você demora para detonar o peixinho dourado? Se em pelo menos 75% das partidas seu deck define as coisas no terceiro turno e liquida a fatura no turno 5 ou seis, meus parabéns. Se você não é o tipo de idiota que copia decks da net, parabéns. Você tem em mãos um deck top de linha, e que possivelmente tem potencial de vencer muito torneio oficial e acabar com seu grupo de jogo se os outros não tiverem o mesmo ritmo. Não que todo deck de torneio seja essa máquina de destruição. Desde que seu deck efetivamente vença todas as partidas antes do décimo turno ele ainda pode ser considerado competitivo em campeonatos. Um bom deck de fim de semana venceria todas as partidas até o turno quinze sem problemas.

Jogar dessa maneira pode parecer besteira, mas é crucial para entender os seus decks e usá-los de maneira mais eficiente, extraindo deles até coisas que você não planejou, enxergando deficiências que possam ser sanadas sem comprometer a filosofia do deck e etc. E costuma evitar alguns vexames também ... alternativamente, você pode dar mais inteligência pro peixinho. Por exemplo:

O peixinho usa um deck de controle azul e vermelho:

No primeiro turno o peixe não faz nada. No seu segundo turno ele anula sua primeira mágica. No terceiro ele baixa uma
Barreira de Pedra
. No quarto turno ele usa Piroclasma. Quinto turno seu, ele anula suas duas primeiras mágicas, sendo a segunda com Lapso de Memória. Sexto turno dele, ele baixa um Dragão de Shiva. Sétimo turno dele, ele dá mais +2/0 para o dragão e usa em seguida Rachar, atacando até o turno dez com o Dragão, e repetindo o processo a partir daí.

Peixinho duro esse ... Existem opções mais brandas de “training mode”, lógico, como por exemplo dar ao peixe uma criatura 0/1 por turno e um Congregar a cada cinco turnos. Você vai notar que mesmo não atacando seu adversário vai ser chato de vencer em quinze turnos. O que se ganha com tudo isso é um entendimento de como o jogo funciona e de porque seu deck nem sempre funciona, e, depois de levar algumas sovas do peixe, a certeza de que um zero a zero sem nenhuma distensão mais grave algumas vezes é o melhor resultado pra um rachão de fim de semana.

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