Muito bem, vamos continuar falando de combos e como desenvolvê-los, lembrando o nosso velho combinho de mana infinito. Vá lá no poste de 16/02 e relembre. Como você viu, a quantidade de peças e passos nesse combo é absurdamente grande, proibitiva e que o combo não vale nada.
Nada? Não, não é bem assim. Esse é um rascunho de combo, e para isso tá muito bom. O próximo passo é decidir se ele é viável em algum tipo de baralho. E, se ele não for, decidir se é possível adaptá-lo até que ele possa ser usado e que tipo de baralho o comporta. Agora, vamos analisar nosso combinho. Ele usa, a exceção de terrenos, pelo menos sete cartas diferentes colocadas em mesa. Ou seja, na melhor das hipóteses, não espere fazer esse combo antes do turno cinco ou seis, o que nos dias de hoje significa um grande “you lose” na maior parte do tempo. Quer dizer, turno seis e você ainda tá montando seu jogo? Qualquer deck consistente de “beatdown” ( ataque rápido e pesado com criaturas ) com um bom feitiço ou ataque de encerramento mal deixa você chegar ao turno quatro. Bom, então você precisa ganhar tempo para fazer esse deck funcionar, e isso você ganha com cartas que acelerem mana ( como Canção Fervilhante ) ou com cartas que atrasam o jogo do adversário ( como Bumerangue ou Verdade Reverberante ). Acontece que em um caso ou outro, o que você não tem para conseguir tempo são cartas disponíveis em seu deck. Fato 1: Quanto menos cartas em um deck, maiores são as possibilidades de se conseguir comprar as cartas que se precisa. Fato 2: O número de cartas mínimos em um deck de Magic não fornecido pela Wizards of The Coast ou em um torneio de Decks selados é sessenta cartas. Fato 3: Quanto mais cópias de uma carta temos em um deck, maiores são as possibilidades dela aparecer no momento certo, e é sabido que podemos ter até quatro cópias de uma mesma carta no mesmo grimório. Colocando todas essas variáveis na mesma equação, sabendo que um terço do deck deve ser de terrenos, considerando g igual a 10 m/s² e o atrito do ar desprezível, temos que:
4 Receptáculos
4 Catódios
4 Fragmentos de Esqueleto
4 Myr de Chumbo
4 Foguista
4 Transmutadores
4 Escorpiões
Temos então um total de 38 cartas, sobrando apenas duas cartas que não façam parte do combo ... Xi! Esqueci das Bolas de Fogo! Esquece, você não tem espaço nenhum!
Isso significa que nosso combo foi pro ralo? Ainda não. Como eu disse lá no post abaixo, você não precisa do Catódio e do Receptáculo. Precisa de apenas um deles. Qual deles? Embora o Catódio seja uma excelente criatura, lembre-se que ela é um artefato vulnerável a dezenas de coisas desde um Raio Eletrostático a Estilhaçar, e acrescenta três manas incolores à sua reserva quando vai para o cemitério. Possibilidade de três pontos de vida perdidos graças à “mana burning” em momentos que você pode não ter nada para fazer. Em um deck que já é vulnerável a decks rápidos e que é muito fraco no que se refere à defesa, e isso é altamente perigoso. Os Receptáculos fazem o mesmo, mas fornecem apenas um mana e podem ser usados para desencorajar ataques no início do jogo. O Catódio possui algumas vantagens além das que eu citei, como o fato de chamar a atenção do oponente e que seus manas podem ser usados para acionar os Fragmentos de Esqueleto, mas aqui entra o estilo de jogo de cada um, e a possibilidade de só abaixar uma criatura no terceiro turno me dá coisas ... Então, tchau Catódio, oi Receptáculo.
Agora sim temos mais um espacinho para usar, mas isso ainda é pouco. E se eu precisar remover criaturas do adversário? Esse é um aspecto que muito jogador de Magic despreza erroneamente, e mais de uma vez já perdeu por conta de um clérigo xarope na mesa.
Complicado ... é hora de analisar friamente a função de cada carta no deck e saber o quanto precisamos de cada uma delas. E há o estilo do jogador. Eu por exemplo não gosto de quatro cópias de permanentes que não encantamentos em um deck. Quatro cópias de uma mesma carta tornam seu deck muito bom em uma coisa apenas, mas minam a possibilidade dele se virar contra um maior número de decks. É claro que sempre se pode recorrer a um side board, mas não é melhor conhecer o deck do adversário e fazer quaisquer modificações necessárias no seu já tendo vencido uma partida?
O limite de quatro cartas por deck eu critico outro dia, e enquanto ele não cair não adianta achar que é possível muita competitividade longe dele. Após pesar bem as coisas, o rascunho de deck ficaria assim, sem os terrenos.
3 Receptáculos
2 Fragmento de Esqueleto
4 Foguista
4 Transmutadores
4 Escorpiões
2 Myr de Chumbo
4 Bolas de Fogo
Total de 26 cartas. Mantive quatro dos Foguistas por ser uma carta excelente para um deck lerdo. E, em caso de emergência, ele pode bombar uma Bola de Fogo o suficiente para eliminar uma criatura xarope. E é por ser uma carta versátil que mantive quatro Bolas de Fogo. São necessários três escorpiões para o combo, não dá para usar menos. A razão pela qual temos quqtro Transmutadores já é mais sacana, e nos leva à próxima escolha de carta para o deck, Ruína Reverberante. Como eu falei, sou fã de versatilidade e essa carta e o Transmutador juntos são capazes de eliminar muita encrenca. Sozinha a Ruína pode estraçalhar uma batelada de artefatos problemáticos como Cetro Isócrono e Espelho Panatópico, e às vezes mais de um de uma vez. Mas associado ao Transmutador, que pode transformar uma criatura qualquer em um artefato, é a morte pros fãs de cópias de criaturas e uso ostensivo da mesma criatura. Vamos colocar quatro dessas cartas e temos então ainda 10 cartas para usar. Vamos analisar as fraquezas desse deck. Primeiro, não há um tutor, e com tantas cartas necessárias para um mesmo combo necessárias na mesa, isso é mortal. Como a maioria delas é artefato, três Remodelar devem dar conta do recado. Sobram sete espaços. Temos tutores, temos eliminação de criaturas ... Não temos defesas nem pára-raios ... faltam criaturas que digam “ataque, e você terá maiores problemas do que eu” e coisas que digam, "destrua isso ou terá problemas no futuro” mas que na verdade servem apenas para que você ria por dentro de maneira satânica “idiota, esta tudo seguindo de acordo com meus planos ...”. E, dando a mão à palmatória, o Catódio cumpre muito bem o papel de pará-raio ( “acerto essa carta e ele perde três pontos de vida” ) e é um bloqueador decente. Então, que volte o Catódio, três deles. Há uma outra carta que também ajuda no quesito “será que ataco”, mesmo para criaturas voadoras. Colméia de Muscarames pode ser uma carta ruim para gerar muitas e muitas fichas úteis, mas a possibilidade de ter um elaborado ataque frustrado por uma ficha 2/2 voadora atrasa o jogo de qualquer atacante. E não esqueça que a cada ficha que vai para o cemitério você pode desvirar um artefato se tiver um Escorpião em jogo, e se desvirar a Colméia, você pode tentar gerar uma outra ficha. Mas, e se essas fichas não fossem destruídas? E se houvesse uma maneira de fazer com que se esse monte de criaturas com resistência 1 impusesse algum respeito?
Bem, há, e se chama Forja de Aço Negro. E se você lembrar que temos cartas que procuram artefatos e uma boa fonte de aceleração de mana, não faz mal que ela seja filha única no deck. O resultado final do deck é:
3 Receptáculos
3 Fragmento de Esqueleto
4 Foguista
4 Transmutadores
4 Escorpiões
3 Myr de Chumbo
4 Bolas de Fogo
4 Ruína Reverberante
3 Remodelar
3 Catódio
3 Colméia de Muscarames
1 Forja de Aço Negro
Terrenos:
6 Montanhas
6 Ilhas
4 Grande Fornalha
4 Assento do Sinôdo
O mais importante nessa história toda é perceber que a partir da idéia de um combo o estilo de um jogador transformou o deck em um deck razoavelmente agressivo e defensivo, e com potencial para travar o jogo de decks beatdown. Outros jogadores com estilos diferentes e que costumam enfrentar decks de controle vão preferir “counters” como Última Palavra ao invés de removedores de criaturas. Nada impede que você estude legal um sideboard adequado ao seu estilo e ao seus adversários mais comuns e use o deck da melhor maneira possível. E se você acha que eu vou te dar umside board de mão beijada, não faz a miníma idéia do que eu quero fazer nesse blog ...
É só por essa semana, bem vindo Guto, espero que você espalhe algumas das suas bizonhices por aqui, e até dia desses!
2 comentários:
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